Lollipop Chainsaw, Project Gotham Racing 4, Panzer Dragoon Orta e NeverDead

Um pouco do melhor que Xbox, PlayStation 3 e Xbox 360 proporcionaram em seu tempo de vida.

Rafael Smeers
5 min readJan 21, 2025

A sexta e sétima gerações de console deram vida a uma grande quantidade de games que, em vez de abandonar seus princípios só por conta da evolução gráfica, decidiram integrá-la às suas propostas. Neste contexto, esta matéria acaba por ser uma coletânea de provas de que existem muito mais possibilidades a explorar do que monotonia cinemática hiper-realista.

Lollipop Chainsaw (PlayStation 3/Xbox 360)

Andaram abrindo os armários da sala de arquivos mortos de novo!

Lançado em junho de 2012, Lollipop Chainsaw se tornou um ícone da sétima geração, estampando uma infinidade de acessórios e lojas pelo mundo. Mas pouca gente jogou o hack and slash de fato, o que é uma pena, porque ele soma muito bem o charme característico dos games de Suda51 à atmosfera de filmes colegiais dos anos 2000.

A badalada sessão da madrugada de uma academia 24 horas.

Resultado de uma parceria entre a Grasshopper Manufacture e James Gunn (posteriormente diretor de Guardiões da Galaxia e Esquadrão Suicida), o título é um paraíso de músicas licenciadas e referências pop que dificilmente estariam presentes não fosse pelo título ter sido publicado pela Warner Bros no ocidente. Tanto é que Lollipop Chainsaw RePOP, o remake — rebaixado a remaster durante o desenvolvimento e hoje disponível repleto de imperfeições— teve que deixar muita coisa para trás, como a trilha sonora original.

Apesar de alguns combos terem uso situacional demais e certas estratégias de combate serem bem mais efetivas do que outras, Lollipop Chainsaw cativa com bom humor, atuação excelente, ótima diversidade de fases e boss fights memoráveis.

Project Gotham Racing 4 (Xbox 360)

Encontrar um equilíbrio entre simulação e diversão é sempre um desafio e o gênero de corrida vive esse dilema dia após dia. Adicione complexidade demais e o título se torna pouco convidativo ao público geral, retire-a e quem busca recriações ousadas de tudo o que carros envolvem fica desamparado. Por isso, em vez de ficar no meio termo e arriscar não conseguir entregar algo atraente para nenhum dos dois públicos, os jogos do gênero costumam deixar claro quem desejam conquistar.

Existem exceções como a série Forza Horizon, que oferece uma enorme quantidade de configurações para adaptar quase tudo ao seu gosto. Mas sem fazer uso deste recurso, Project Gotham Racing 4 é, possivelmente, um dos melhores resultados da tentativa de balancear ambos os aspectos, trazendo também várias funções muito à frente de 2007.

Os percursos são um pouco mais contidos e o audiovisual se aproxima mais do evidenciado em títulos de simulação, recebendo elogios por sua fidelidade sonora até hoje. No entanto, a atmosfera geral é mais descontraída, e o controle de cada veículo e a influência de condições como neve e chuva (que podem começar durante o jogo) têm diferenças mais dramatizadas, perceptíveis e proveitosas sem que se esteja atrás de realismo.

A mistura de corridas e desafios no modo campanha também contribui para essa dualidade — eventos de desvio de obstáculos, time trial, drifting e diversos outros complementam ainda mais a boa variedade que o game tem a proporcionar.

“Sentimos que temos mais tempo [para dedicar a PGR4]. Da última vez, sentimos como se o jogo tivesse sido arrancado de nossas mãos, ficamos desapontados com isso. Provavelmente acertamos no segundo, mas o primeiro também foi feito às pressas. O terceiro foi um título de lançamento, então estávamos sobre enorme pressão.”
Brian Woodhouse em entrevista à GamesIndustry

Panzer Dragoon Orta (Xbox)

Nesse caso não há necessidade de cerimônias: Panzer Dragoon Orta é um dos melhores rail shooters já criados, com muitos dos mesmos pontos positivos de Sin & Punishment: Star Successor. Porém, as lutas menos impactadas por RNG e uma complexidade maior tornam a aprendizagem de cada luta muito mais divertida.

A jogabilidade gira em torno da habilidade de trocar a forma do seu dragão em tempo real entre três tipos: Base (Base), Heavy (Pesado) e Light (Leve). Cada opção conta com ataques, velocidade e energia de planeio diferentes. Saber exatamente como e qual utilizar em cada situação é crucial para progredir.

São notáveis também o estilo artístico e worldbuilding concebidos por uma equipe talentosa e que pacientemente explorava as novas oportunidades de um console com hardware muito mais potente que o do SEGA Saturn.

NeverDead (PlayStation 3/Xbox 360)

Apesar de NeverDead não ser um daqueles jogos dos quais você vai sair cheio de elogios para dar, minha experiência com ele foi distante da compartilhada pelas reviews no final de janeiro de 2012, que relataram bugs e frustrações de maneira brutal.

Publicado pela Konami e desenvolvido pela Rebellion (que lançava no mesmo ano Sniper Elite V2), o título troca a barra de vida por membros desmontáveis e no processo, atribui funções extras a algum deles. A cabeça e os braços do protagonista, por exemplo, podem ser arremessados para alcançar outros lugares ou distrair inimigos. Para unir os membros novamente, basta esquivar próximo a eles ou apertar L3 para regenerá-los de tempo em tempo.

Como você pode imaginar, o que não falta no jogo são piadinhas como “Alguém pode me dar uma mãozinha?” e “Onde é que eu estava com a cabeça?”

Conforme obtém experiência ao longo das fases, Bryce pode aprender e equipar novas habilidades que, às vezes, tornam a perda de alguns membros em uma conveniência em vez de um empecilho. Mas não houve necessidade ou mesmo chance de experimentar muitas delas a não ser as de aumento de velocidade, experiência e dano com espada.

Talvez o maior equívoco tenha sido fazer o personagem falar constantemente quais membros estão soltos, principalmente quando se livrar deles pode ser uma decisão estratégica. Tirando esse lembrete do por quê existem protagonistas silenciosos, o que é fornecido é simplesmente um shooter em terceira pessoa com aspectos de hack and slash e uma mecânica de vida convidativa a quem gosta de explodir tudo. Não ser punido com uma tela de Game Over e um Loading longo ao cometer loucuras inescrupulosas tem grande valor.

De uma forma ou de outra, há proveito a se fazer de NeverDead. O design de inimigos remete a séries como Oddworld, Bayonetta e Half-Life, enquanto a trilha sonora em bom rock brilha com a participação da Megadeth.

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Rafael Smeers
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Written by Rafael Smeers

Game QA/Localization & Inbound Marketing. Previous works include Dauntless, 24 Killers and Snap the Sentinel. pt_BR / en / es / ja

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